21. Atuar ativo e passivo na Criação

Prefácio

Este escrito está destinado exclusivamente a você. Ele não deve entrar em circulação descontrolada, pois pode impedir a alma humana imatura em sua ascensão, devido a um saber precoce sem base adequada que irá levar a especulações sobre a própria origem. Este é um solo perigoso que nutre erros.

Pelo contrário, cada um que, por meio de condução e por desejo próprio, teve a oportunidade de obter a Mensagem original, abriga em si a maturidade espiritual como pressuposto para o que aqui é oferecido.

Para o espírito humano já preparado para isso, este escrito irá ajudar já aqui na Terra a entrar mais tarde, com todas as suas aptidões, no existir eterno como um espírito de pleno valor.

Orientação

Para este escrito foi necessário utilizar passagens extraídas das obras “Na Luz da Verdade“. Muitos extratos são citados várias vezes aqui. Ao leitor é recomendado ler primeiro a dissertação correspondente, correlacionada com a citação, para então associá-la ao que aqui está sendo exposto.

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Introdução

Como se sabe, a humanidade terrena consiste em homem e mulher. Entretanto, no meio social, não se quer ver nenhuma diferença, exceto pelas características externas. Ambos são, em primeiro lugar, seres humanos na Terra.

Porém, quem conhece o livro Na Luz da Verdade, principalmente a edição de 1941, sabe que já a partir do espiritual, da origem do ser humano, existe uma grande diferença no atuar entre o masculino e o feminino. Por este motivo, cada adepto deste ensinamento não pode admitir esta padronização dos sexos da sociedade atual.

Leiamos primeiro os seguintes trechos da dissertação “Mulher e homem

“O elevado enteal soltou de si o espírito ou deu-o à Luz e lhe oferece no grande lar da Criação a possibilidade de uma existência cheia de alegria!”

Mais adiante, no contexto é dito:

“Pode-se enfim, para melhor compreensão, expressar isso de maneira diferente, sem alterar o sentido real: o grande Divino-enteal que tudo abrange, se dividiu em dois, em uma parte ativa e em uma parte passiva, ou em uma parte positiva e uma parte negativa.”

Esta cisão aqui descrita por Abdruschin, que ocorreu nas regiões do Divino-enteal, prosseguiu para baixo, pela Criação inteira. Assim, na dissertação “Mulher e homem” está escrito o seguinte:

“Assim, a mulher humana da Criação Posterior corporifica, na gradação, o enteal mais intuitivo como parte negativa, passiva, e o homem, o espiritual mais grosseiro, como parte positiva, ativa.”

Deve-se observar em especial que aqui a mulher é designada de enteal, e o homem, de espiritual. O leitor não deve passar simplesmente por cima deste fato.

Na mesma dissertação, mais abaixo, lemos:

“A mulher da Criação Posterior devia formar a ponte do enteal para o espiritual. A ponte daquele enteal do qual se desprendeu primeiro o espiritual da Criação Posterior! Não daquele enteal que desceu ainda mais após o desprendimento dos últimos resíduos do espiritual para formar a ponte para materialidade e dar origem às almas de todos os animais!”

A indicação da descida até o primeiro enteal mais baixo para formar a ponte para baixo e para a materialidade não é sem importância e também deve ser observada.

Porém, vamos compreender primeiro o feminino como ponte do enteal mais elevado para o espiritual. De acordo com isso, o feminino deveria vibrar tanto no espiritual quanto no enteal. Para isso, ele deve estar ancorado em ambos. –

Mas, o que realmente ocorre com a cisão aqui descrita e como deve ser compreendido este processo do qual procedem por fim a mulher e o homem?

Esta cisão nada mais é do que o espiritual se desprendendo do elevado enteal bem como, por sua vez, o enteal seguinte mais baixo se desprendendo do espiritual, que, por sua vez, desprende o espiritual seguinte e assim se segue de etapa em etapa pela Criação inteira, para que cada espécie, em sua tomada de consciência, possa atuar para o exterior.

Em si, tudo na Criação é Espírito-enteal, somente na atuação existe uma grande diferença, razão por que o enteal e o espiritual precisam se apartar para se tornarem conscientes. Nisso, o enteal é passivo, o que quer dizer que ele mantém a ligação doadora de forças ou a ancoragem com o degrau superior elevado mais próximo. O espiritual, ao contrário, sempre atua ativamente e, nos degraus individuais, é construtor. Assim prossegue até à cisão que constitui então o término do que ainda é espiritual. Deste se origina o ser humano terreno. Entretanto, esta última cisão não apresenta o feminino e o masculino separados, como muitos gostariam de pensar, mas aqui primeiro é desprendido o espiritual, como tal.

Este processo de desprendimento certamente é o momento mais importante para o desenvolvimento posterior do germe espiritual individual, pois aqui ele ativa pela primeira vez o seu livre-arbítrio, ou seja, o atuar em sua vontade como passivo ou como ativo. A parte que deseja um atuar passivo recebe um dote do enteal mais elevado, surgindo disso o feminino, ao passo que a parte que deseja um atuar ativo, nada recebe do enteal mais elevado, descendo um pouco mais para baixo, desenvolvendo-se disso então o masculino. Esta primeira escolha acontece somente depois que o espiritual se desprende do enteal mais elevado. Estando tomada esta decisão, ela não pode mais ser desfeita. Sendo assim, a espécie predominante para o respectivo germe espiritual será ou o atuar passivo ou o atuar ativo.

Da maior importância é que apenas o enteal vibra uniformemente na Vontade Divina, pois esta é uma peculiaridade do passivo. O espiritual, ao contrário, precisa desenvolver um arbítrio livre, portanto, ativo. Porém, este abriga o perigo de perder a ligação para o alto devido à distância cada vez maior. Porém, a ligação com o enteal permanece mantida pelo germe espiritual de atuar passivo, de forma que, na respectiva gradação, o vibrar uniforme na Vontade de Deus fica mantido. Aqui se encontra uma das características essenciais entre o atuar passivo e o ativo.

Sobre isso, um trecho da dissertação “O enteal”:

“Entre as criaturas espírito e ente, em si, não existe nenhuma diferença de valor na Criação. A diferença existe somente na espécie diversa e na necessidade de atuação diferente, disso resultante! O espírito, que também pertence ao grande enteal, pode andar por caminhos de sua própria escolha e atuar correspondentemente na Criação. O ente, porém, encontra-se diretamente na pressão da Vontade de Deus, não tendo, portanto, possibilidade alguma de decisão própria, ou, como se expressa o ser humano, não tem livre-arbítrio próprio.”

Pelo dote do enteal mais elevado, o espírito, que dessa forma atua passivamente, não somente podia reconhecer a Vontade de Deus, mas ele também se encontrava sob Sua influência direta. Portanto, ao desenvolver o seu livre-arbítrio próprio, a mulher podia seguir facilmente a Vontade de Deus.

Basicamente, também é necessário saber que espírito, em sentido superior, é a Vontade de Deus tornada forma na Criação. Por isso, o espírito precisa desenvolver uma autoconsciência por meio da ativação do livre-arbítrio para colocá-lo ativamente na Vontade de Deus, o que não é necessário para o enteal, pois este vibra por si mesmo na Vontade de Deus.

Assim lemos na dissertação “Espírito”, de 1928:

“Deus é Divino, somente a Sua Vontade é espírito. E, a partir desta Vontade viva, surgiu o ambiente espiritual que Lhe está mais próximo, o paraíso e seus habitantes. Desse Paraíso, porém, portanto, da Vontade Divina tornada forma adveio a criatura humana como semente espiritual, a fim de prosseguir o seu percurso pela Criação ulterior como uma partícula da Vontade Divina. O ser humano é, portanto, na verdade, portador da Vontade Divina, e, de acordo com isso, portador do espírito no conjunto de toda Criação material. Por esse motivo, se encontra, em suas ações, atado à pura Vontade primordial de Deus, devendo assumir toda a responsabilidade para tanto, caso deixar que influências externas da matéria vicejem impuramente sobre ela, deixando que, sob certas circunstâncias, ela seja temporariamente totalmente soterrada.”

(O que aqui está ressaltado falta na Mensagem de 1941)

Outra citação da dissertação “Espírito”:

“O espírito é, por conseguinte, a Vontade de Deus, o elixir de vida de toda a Criação que dele precisa estar impregnada a fim de se manter. O ser humano é portador parcial deste espírito que, ao tornar-se autoconsciente, deve cooperar para o soerguimento e o desenvolvimento progressivo de toda a Criação. Para isso é necessário, contudo, que aprenda a se servir direito das energias da natureza e as utilize para o progresso conjunto.”

Portanto, o espiritual, em seu tornar-se-consciente, deve ser portador da Vontade Divina, a fim de contribuir ativamente para elevação da Criação inteira. Para fazer isso, ele necessita de duas espécies espirituais diferentes: uma que se encontra em constante ligação com a Vontade de Deus e por isso atua de modo passivo, e outra que transforma esta Vontade ativamente. E assim prossegue harmonicamente de plano em plano. Em toda a parte, o passivo está ancorado no Enteal a fim de transmitir a Vontade de Deus ao espiritual ativo que a aplica para a construção.

Porém, no nível do ser humano terreno ocorreu uma perturbação sensível.

Leiamos sobre isso na Mensagem, na dissertação “Mulher e homem”:

“A mulher da Criação Posterior pôde, apesar de sua dádiva enteálica, cair tanto, porque, como última de sua espécie ela se encontra mais distante da proximidade de Deus! Porém, para compensar esse fato, ela tinha em si, na parte do enteal mais elevado, uma âncora forte onde podia se segurar, e de fato ter-se-ia segurado, se ela apenas tivesse uma vontade séria para tanto. Mas, o espiritual mais grosseiro existente nela quis diferente.”

Quando aqui está dito: “… o espiritual mais grosseiro nela quis diferente …”, então isso quer dizer que este, em sua dádiva enteálica, não somente não auscultou a Vontade de Deus, mas, no amadurecer do livre-arbítrio, até mesmo se desviou conscientemente da Vontade Divina.

Até hoje, a humanidade ainda não se tornou consciente da abrangência das vastas consequências do drama descrito na última citação. Mesmo o leitor da Mensagem não assimilou toda a extensão, principalmente sobre o que tinha que resultar disso como última consequência e com o que a Luz jamais contava.

Está certo que Lúcifer nunca pôde forçar o espiritual, este sempre teve decisão livre, porém no enteal ele conseguiu imprimir parcialmente a sua vontade e, assim, este enteal teve que configurar algumas coisas de acordo com o sentido dele[1], pois este se colocou entre o enteal e a Vontade de Deus. Ele incitou os construtores enteais a formarem muitas coisas feias e desarmônicas.

No presente escrito deve ser levantado o véu sobre isso, pois, para a continuidade da manutenção da Criação Posterior, é necessário que, pelo menos num pequeno círculo de seres humanos, o reconhecimento destas correlações se integre de modo consciente no espiritual, enquanto na Terra o juízo vai ao encontro do seu auge. Neste chamado, portanto, não está em primeiro plano a compreensão, mas a assimilação. Muitas coisas que o intelecto não registra, o espírito processa mesmo assim. –

Inicialmente deve ser relatado mais uma vez algo sobre o desenvolvimento de Lúcifer, pois ele foi o iniciador de todo o drama e, sem conhecer o seu caminho em traços grosseiros, nunca ireis poder compreender inteiramente a queda do ser humano, porém isso é necessário para retornar por este caminho. –

Quando Lúcifer, sendo pessoal, entrou no Reino Espírito-Primordial, ele, assim como Parsival, recebeu um invólucro espírito-primordial, pois foi somente com este que ele, vindo do Divino-Enteal, podia desenvolver um livre-arbítrio próprio e isso ele também devia fazer, a fim de mostrar ao espiritual humano o caminho, pois esta espécie espiritual, como última de sua espécie, estava muito longe da Vontade de Deus. Por este motivo, por meio do intelecto, Lúcifer devia estar de forma auxiliadora ao lado destes germes espirituais em seu tornar-se-consciente. Entretanto, justamente com este intelecto ele fez do livre-arbítrio um querer arbitrário. Isso ele fez porque considerava indigna a espécie que surgiu da última cisão, indigna para adequar-se à Vontade de Deus no tornar-se-consciente e isso ele queria provar. O que importava para ele era peneirar o que era inútil do seu ponto de vista.

Este querer, porém, forçou-o cada vez mais para baixo. Ele perdeu a ancoragem na Vontade de Deus, tornando-se assim o espírito mais forte na Criação com um querer separado de Deus, arbitrário, próprio. Portanto, ele foi o precursor em não colocar o livre-arbítrio na Vontade de Deus, trilhando caminhos próprios ao querer saber melhor. Como tal, ele percorreu todos os planos de cima para baixo. Foi assim que ele conseguiu reunir o seu exército em sua volta, pois nunca poderia forçar o espírito-primordial e o espiritual com a sua vontade, mas podia influenciá-lo. Tudo o que lhe foi submisso teve que cair com ele, pois com isso, este se colocava igualmente acima da Vontade de Deus. Assim também foi possível que Anfortas auscultasse outrora estas correntezas. Mas também a Terra só conseguiu descer devido a esta lei e isso produziu alterações agravantes.

O enteal, porém, se defendeu no Burgo de Walhala e lá a sua influência não conseguiu penetrar. Isso levou a grandes lutas. Somente quando Lúcifer, ao continuar a descer, não conseguiu mais se manter nestes planos, também o enteal pôde respirar novamente aliviado. Portanto, esta influência escura ocorreu apenas uma única vez na Criação e durou somente o tempo que Lúcifer precisou para chegar ao seu lugar de permanência atual. Hoje ele não consegue mais exercer o seu poder fora da Criação Posterior.

Toda a influência do espiritual, que nesse ínterim se tornou escuro, sobre uma parte do enteal também foi novamente suspensa. Aliás, isso ocorre por força da Lei, pois o espiritual só tem influência sobre o enteal que se situa abaixo dele na Criação. Ou seja, quando o espírito desce, então, em algum momento, o respectivo enteal se encontra acima do espiritual que desce e, com isso, o espiritual então escuro perde sua influência sobre o enteal que até então estivera mais baixo. Isso também vale para Lúcifer. Por isso, apenas o fino-material que foi formado por ele e seus ajudantes está submisso a ele e disso faz parte o intelecto atual. De fato, Lúcifer e as trevas só podem ainda atrair. Porém lá, onde eles são chamados por algum desejo ou anseio mais baixo que, assim como cada pendor, atua atraindo por si mesmo sobre as trevas, eles podem exercer influência com isso, o que se expressa principalmente pelo desejo de notoriedade.

Por isso, Lúcifer continua usando o intelecto e o sentimento como armas mais fortes, mesmo estando pessoalmente amarrado. Pois outrora ele estimulou o espírito ativo a conformar o intelecto no sentido de Lúcifer, e o feminino, a separar os seus sentimentos da intuição, de modo que conseguiu uma ponte até o ser humano que estava garantida para ele, pois sabia muito bem o que aconteceria com ele – ser algemado – portanto, ele planejou antecipadamente por longo tempo. Assim ele continua conseguindo usar o intelecto como oponente da Vontade de Deus e, por conseguinte, para a destruição daqueles que lhe são submissos. Atualmente, tanto a mulher como o homem estão igualmente submissos aos sentimentos e ao intelecto, já que não existe mais diferença entre os sexos. —

Agora eu gostaria de dar uma indicação para estimular a capacidade da intuição:

Quem conhece a história do “Senhor dos Anéis”, de Tolkien, encontra uma cópia do acontecimento de outrora entre os planos de Walhala e os mundos materiais, que outrora ainda estavam estreitamente ligados. O anel de que Tolkien trata simboliza o intelecto. Lá diz que ele foi formado para tornar todos servis. No romance de Tolkien, os enteais ainda lutam lado a lado com o ser humano. Mas o anel exerce a sua influência sobre cada um que dele se aproxima, ajuda o portador a adquirir alta consideração, e muitos seres humanos são vencidos pelo seu poder. Porém, aquele que deseja tirar proveito dele, é por ele julgado no final. Sem este anel, o senhor de Mordor (Lúcifer) não tem nenhuma influência, por isso o anel, na união de seres humanos luminosos e enteais, deverá ser destruído novamente lá, onde foi formado.

Este é um retrato fiel do acontecimento fino-material e enteal de outrora. Qualquer um que conhece a história poderá intuir isso muito bem. Tolkien foi influenciado por Walhala e condensou tudo isso numa ficção. Hoje encontramos mais verdade na ficção e nas lendas do que em todas as pesquisas científicas. Está só no ser humano reconhecê-lo pela intuição.

Por isso, os seres humanos que se sentem tocados por essas histórias de modo misterioso e que são capazes de distinguir a verdade da fantasia também são espíritos que ainda portam em sua intuição algo de vivo. Por este motivo tais acontecimentos são transmitidos ao ser humano – HISTÓRIAS DE TEMPOS PASSADOS e DE MILÊNIOS PASSADOS não foram escritas em vão.

As palavras “Era uma vez…! dão testemunho disso e portam em si algo de espiritualmente vivo.

Nessa relação deve ser mencionado que também algumas indicações do atual livro Exortações são semelhantes em seu atuar, pois mostram que alguma coisa já aconteceu no passado e, com isso, tocam o espírito ainda intuitivo. Pela apartação das 22 dissertações em Exortações, este efeito valioso, com poder de incendiar a intuição, foi contornado. Não foi sem motivo que Abdruschin as colocou no início de sua Mensagem na versão de 1941. Não foi sua vontade disponibilizá-las de modo separado apenas para selados, uma vez que ele nem previa a possibilidade de um selamento baseado na Mensagem na versão de 1941. Isto também fica claro pelo fato de que ele, na primeira dissertação, atualmente “Reconhecimento”, retirou o selamento, citando-o somente na Mensagem original, na dissertação “A Palavra Sagrada”. Nisso fica claro que a Mensagem original deveria cumprir aquilo para o que atualmente são consideradas as “Exortações”.

Depois de sua morte terrena, foram os então responsáveis que seguiram a lógica do intelecto, pois acreditavam que não se pode falar no início de coisas que serão esclarecidas somente mais tarde. Quem argumenta deste modo, está muito longe de reconhecer como a intuição trabalha, encontrando-se, sem exceção, no nível do intelecto, que precisa classificar cada evento em passado, presente e futuro a fim de se posicionar no tempo. No entanto, para a intuição não existe tal conceito de tempo, pois ela conhece apenas o “agora” que é “eterno”.

Assim, aconteceu há longo, longo tempo, que em todos os planos, o espiritual, no seu livre-arbítrio tinha, durante certo tempo, a escolha de seguir a saudade da Vontade de Deus ou ceder à vontade tentadora de Lúcifer. O provar da árvore do conhecimento nada mais é do que ajustar o livre-arbítrio à vontade de Lúcifer. Posteriormente, esta escolha existia ainda somente na Criação Posterior. Entretanto, lá Lúcifer também se tornou inativo nesse meio tempo, mas o ser humano persiste nisso de modo teimoso e espontâneo. Aliado ao sentimento humano, o intelecto continua mantendo a ponte até Lúcifer e cerca de dois terços da humanidade desenvolvem a sua consciência a partir disso. Eles continuam carregando o seu querer para a Criação Posterior e, mesmo nas questões de fé, isso não é diferente.

Então a Luz veio para a Terra para trazer salvação também lá onde as trevas já estavam reinando!

A Mensagem do Graal entre 1923 e 1941

Antes de chegarmos ao tema principal, atuar ativo e passivo, queremos observar primeiro as diferentes afirmações da Mensagem.

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Nem todos os leitores da Mensagem, mas com certeza todos os que continuam a pesquisar seriamente irão encontrar em algum momento o livro que ainda era vendido no tempo de vida de Abdruschin. É a obra original – a Mensagem do Graal.

Com esta obra, assim que a observarem em comparação com a obra deles conhecida, os leitores irão se deparar com obstáculos aparentemente insuperáveis. Isso vale principalmente para os esclarecimentos sobre o surgimento de mulher e homem.

Assim, na Mensagem na versão de 1941 (redigida entre 1939 e 1941), diz o seguinte na dissertação “Sexo”:

“Aqui, portanto, é decisivo o tipo de atividade de um germe espiritual. Isto é, para qual direção tal germe espiritual, durante a conscientização, procura desenvolver de modo predominante as faculdades nele latentes, se de modo positivo, vigorosamente impulsionador ou de modo negativo, serenamente conservador. Para onde a sua vontade principal o impele. E com a atividade por ele realizada, mesmo que essa atividade no início consista somente de um forte desejar que se intensifica num forte anseio, molda-se a forma.

O positivo constitui a forma masculina, o negativo, a forma feminina. Nisso, o masculino e o feminino se mostram reconhecíveis exteriormente por sua forma. Por sua forma, ambos são a expressão definida da espécie de sua atividade que escolhem ou desejam. Na realidade, em sua origem, tais desejos são apenas as expressões da constituição específica dos respectivos germes espirituais, portanto, negativa ou positiva.”

Na dissertação original surgida em 1928 e incluída na Mensagem, está escrito o seguinte:

“Aqui, portanto, é decisivo o tipo de atividade de um germe espiritual. Isto é, para qual direção tal germe espiritual, durante a conscientização, procura desenvolver de modo predominante as faculdades nele latentes, se de modo positivo, vigorosamente impulsionador ou de modo negativo, serenamente conservador. Para onde a sua vontade principal o impele.

De acordo com sua origem, ele pode realizar as duas coisas, pois um germe espiritual traz em si todas as faculdades, tanto uma quanto a outra, sem que algo seja tirado dele. Em si, ele contém tudo. É importante somente o que disso ele desenvolve. E com a atividade por ele realizada, mesmo que no início essa atividade seja somente fortes desejos que se intensificam num forte anseio, molda-se a forma. O positivo constitui a forma masculina, o negativo, a forma feminina. Nisso, o masculino e o feminino se mostram reconhecíveis exteriormente por sua forma. Por sua forma, ambos são a expressão definida da espécie de sua atividade que escolhem ou desejam.

O texto ressaltado está faltando na outra versão. O notável é que justamente estes trechos do texto dão um sentido totalmente inverso à toda a dissertação.

Se continuarmos a ler na mesma dissertação na Mensagem na versão de 1941…

“Assim, acontece que um espírito humano peregrina, em suas vidas terrenas, às vezes alternadamente em corpos masculinos e em corpos femininos, de acordo com sua sintonização interior alterada. Todavia, este é então um estado não natural, produzido por torção própria e forçada.”

Na versão original, ao contrário, é dito:

“Assim, acontece que um espírito humano, em suas vidas terrenas, peregrina, com muita frequência, alternadamente em corpos masculinos e em corpos femininos, de acordo com sua sintonização interior alterada. E isso é necessário, para que todas as faculdades de um germe espiritual adquiram gradativamente o desenvolvimento.

Eu já disse que o que predomina na atividade desejada é decisivo para o surgimento da forma, pois um germe espiritual não atuará incondicionalmente de modo totalmente positivo e também não incondicionalmente de modo totalmente negativo.”

O que aqui está citado permite admitir que nunca foi a mesma mão que dirigiu a pena. Estas afirmações são por demais contraditórias. Por isso, não é de admirar quando muitos partem do pressuposto de que uma das duas versões seria uma falsificação. Discute-se sobre qual das afirmações é a verdadeira, pois ninguém quer acreditar que o autor modificou a sua acepção desta maneira, pois ele hauria da própria Verdade e esta não pode ser diferente em 1923 do que em 1941, pois sabemos do próprio autor que a Verdade é eterna e imutável.

Quem, ao contrário, deseja reconhecer o autor nas duas obras, não poderá negar estas afirmações contraditórias, assim que se esforçar por isso. Justamente por isso estas contradições são tomadas como prova de que a Mensagem na versão de 1941 não poderia ser do próprio autor, mas que, depois de seu falecimento, isso foi introduzido por uma terceira mão. Também são apresentadas as hipóteses mais absurdas, chegando-se a admitir que com a modificação, por parte da administração do Graal, as relações entre os mesmos sexos deveriam ser impedidas.

Agora, é surpreendente que já em seu tempo de vida, Abdruschin deu a conhecer esta forma de visão diferenciada sobre o tema sexo: em 1931-1934, ele redigiu uma dissertação específica sobre isso que tem o título “Almas torcidas”. Somente este título já parece estar em oposição à citação acima tirada da dissertação “Sexo” da Mensagem original. Pois, como uma alma pode estar torcida se está dito:

“E isso é necessário, para que todas as faculdades de um germe espiritual adquiram gradativamente o desenvolvimento.

Eu já disse que o que predomina na atividade desejada é decisivo para o surgimento da forma, pois um germe espiritual não atuará incondicionalmente de modo totalmente positivo e também não incondicionalmente de modo totalmente negativo.”

Ou:

“De acordo com a sua origem, ele pode realizar “as duas coisas, pois um germe espiritual traz em si todas as faculdades, tanto uma quanto a outra, sem que algo seja tirado dele. Em si, ele contém tudo. É importante somente de o que disso ele desenvolve.”

Aqui Abdruschin escreve que um germe espiritual não irá se desenvolver de modo totalmente positivo (masculino) ou totalmente negativo (feminino) e que seria necessário que ele vivenciasse as duas coisas. Isso foi em 1928.

Ao contrário disso, entre 1931-1934, portanto, alguns anos depois, ele escreve em suas Ressonâncias, na dissertação “Mulher e homem”:

“Perguntar-vos-eis, naturalmente, como pode ocorrer que diversas almas humanas possam ser encarnados na Terra, alternadamente, uma vez como mulher e outra vez como homem. A solução para isso não é tão difícil como pensais, pois uma mulher autêntica em todos os sentidos nunca se verá na contingência de ter que encarnar-se como homem na matéria grosseira.”

De fato, essas duas coisas não combinam, pois, como já citado, o autor já escreveu alguns anos antes:

“Assim, acontece que um espírito humano, em suas vidas terrenas, peregrina, com muita frequência, alternadamente em corpos masculinos e em corpos femininos, de acordo com sua sintonização interior alterada. E isso é necessário, para que todas as faculdades de um germe espiritual adquiram gradativamente o desenvolvimento.”

Em todas as perguntas sobre como isso é possível, pelo menos uma coisa fica clara: esta contradição não existe entre a Mensagem na versão de 1941, de 1939-1941, e a Mensagem original, de 1924-1931, mas nas dissertações redigidas por Abdruschin entre 1931 e 1937, que ele anexou à sua Mensagem concluída em 1931 na forma de Ressonâncias.

Com isso, a afirmação de que estas contradições seriam a prova de uma falsificação, ou seja, que partes da Mensagem na versão de 1941 foram alteradas por terceiros não é mais sustentável, pois a explanação diferente se encontra novamente nas Ressonâncias à Mensagem original.

Como se sabe, as Ressonâncias, em sua maior parte, também foram incluídas na Mensagem na versão de 1941, como também todas as dissertações da atual Exortações foram extraídas exclusivamente das Ressonâncias. Se, agora, ultimamente está sendo afirmado que somente a Mensagem do Graal surgida em 1931 seria de Abdruschin e que as Ressonâncias não seriam mais, então, por dedução inversa, isso também significaria que todas as 22 dissertações que atualmente foram resumidas em Exortações seriam uma falsificação bem como em torno de 50% da Mensagem na versão de 1941, principalmente as dissertações sobre os Planos Espírito-Primordiais. Uma afirmação grotesca, pois com isso seria tirado da humanidade o maior auxílio, pois foi somente depois de 1931 que Abdruschin estava sob a influência de Imanuel (depois que Lúcifer foi algemado por ele) e todas estas dissertações surgiram somente entre 1931-1937. Apesar disso, muitos querem se apoiar nisso para com isso justificar o seu teimoso querer-ter-razão. Não são diferentes das igrejas que teimam em afirmar que Cristo teria ressuscitado fisicamente.

Portanto, podemos apenas constatar que Abdruschin realmente descreve dois processos diferentes.

Naturalmente isso dá ao leitor enigmas sobre enigmas que nunca poderão ser pesquisados pelo intelecto humano, exceto por meio das mais incríveis teorias que permitem unicamente a conclusão de que uma das obras, pelo menos em parte, não seria de Abdruschin.

Assim, o leitor realmente se encontra diante da questão de recusar uma das obras e, como consequência, seguir a lógica do intelecto ou deixar lacunas, transpondo-as em fé cega. Porém, sabemos pelo próprio autor que nunca devemos deixar lacunas e assim também é – estas lacunas devem ser fechadas agora. Mas não será o intelecto que fechará estas lacunas, embora a lógica do acontecimento também deva se tornar clara para ele, assim que ele conseguir acompanhar tudo isso.

Porém, queremos primeiro considerar ainda outra coisa.

Sobre o tema sexo, Abdruschin deu à humanidade ainda outro enigma maior, algo que possivelmente chamou a atenção de bem poucos até hoje, ou seja, simplesmente se lê passando por cima disso. Mas é justamente aqui que se encontra a chave que cada um, que procura seriamente e não acredita cegamente nem corre atrás dos que pretendem saber melhor, também teria que ter encontrado.

Assim, lemos na Mensagem do Graal, na dissertação “Sexo” o seguinte:

“O que é um sexo? O germe espiritual, ao sair do Reino Espiritual, não tem sexo. Também não ocorre uma cisão como é admitido muitas vezes. Cisões são exceções especiais, sobre as quais voltarei a falar no final desta consideração. Basicamente, um germe espiritual sempre permanece fechado em si.”

A parte ressaltada do texto nós encontramos somente na Mensagem original.

E, ainda assim, na dissertação “Almas torcidas” diz o seguinte:

“O próprio ser humano, por exemplo, não é uma determinada espécie, porém somente uma cisão que traz em si o desejo de uma ligação.”

Sobre isso descobrimos na Mensagem da versão de 1941, na dissertação “A criação do ser humano” ainda este texto. O surpreendente é que na Mensagem original, na mesma dissertação, este trecho falta completamente, ou seja, visivelmente foi adicionado somente entre 1939-1941 pelo autor:

“O ser humano, como tal, estava sozinho e se utilizava, então, no crescimento, principalmente dos sentimentos intuitivos mais severos, mais rudes, para a manutenção de sua vida, com o que os sentimentos intuitivos mais delicados foram cada vez mais empurrados para o lado e isolados, até que se separaram completamente como a parte mais delicada do ser humano espiritual.

Esta segunda parte, a fim de não permanecer ineficaz na matéria grosseira, onde, em primeiro lugar, era absolutamente necessária para o progresso ascendente, foi então encarnada num segundo receptáculo, o qual, conforme sua delicadeza era do sexo feminino, ao passo que os sentimentos intuitivos mais rudes permaneceram no homem materialmente mais forte. Exatamente de acordo com as leis do mundo de matéria fina, no qual tudo se forma imediatamente, mostrando o que é delicado e fraco em formas femininas, o que é severo e forte, em masculinas.” —

Mais adiante, lemos na dissertação “Almas torcidas”:

“Assim também o espírito feminino e o espírito masculino constituem cada um apenas uma apartação que procura unir-se à outra, conforme as Leis da Criação, portanto, partículas apenas que, mesmo em sua ligação, dão somente uma parte para a verdadeira espécie do espiritual!”

Não tínhamos lido na dissertação “Sexo” o seguinte?

“O que é um sexo? O germe espiritual, ao sair do reino espiritual, não tem sexo. Também não ocorre uma cisão como é admitido muitas vezes.”

O mais tardar neste ponto, o leitor deve se fazer a pergunta sobre o que aconteceu entre 1925, quando foi redigida a dissertação original “A criação do ser humano”, bem como em 1928, quando surgiu a dissertação original “Sexo”, e nos anos 1931 até 1937, quando foram escritas as dissertações “Almas torcidas” e “Mulher e homem”, para que Abdruschin alterasse de modo contraditório as suas orientações?

Esta pergunta nunca poderá ser analisada pelo intelecto, pois foi justamente o intelecto que causou esta contradição e está preso nela. Somente um olhar de um posto de sentinela espiritual superior pode esclarecer o que realmente aconteceu aqui, e somente o ser humano que é capaz de intuir processos também poderá vê-los, mesmo que isso permaneça fechado ao intelecto. Por isso, com o vosso intelecto só podereis tirar conclusões sobre a solução, porém o espírito deverá reconhecê-la.

Para esta finalidade eu gostaria de convidar o leitor agora.

* * * * *

Somente a intuição viva poderá pesquisar a Verdade

Depois que, no decorrer deste escrito, for dada a vós uma visão para as correlações fino-materiais e espirituais estareis em condições de ver em breve o que aconteceu. Então também o intelecto não espalhará mais dúvidas para confundir vossa alma, quando se trata de compreender as diferentes obras Na Luz da Verdade em sua relação.

Deveis saber, a Mensagem do Graal é um acorde poderoso. Este foi formulado terrenamente em três sinfonias, desde os sons mais amorosos até os abaladores. A primeira obra foi apresentada pela primeira vez em 1931 com o objetivo de chamar um povo e deixar a sua alma reviver. Com a segunda, o mensageiro, então como Imanuel, fez ressoar mais uma vez o íntimo de todos os espíritos que haviam chegado nesse meio tempo, também como preparação para a sua tarefa iminente, por isso, as Ressonâncias. Isto ocorreu entre 1931 e 1937.

Com a terceira obra, o autor tomou elementos das duas primeiras e uniu-as, formando um novo e comovente chamado, desta vez, porém, dirigido à humanidade inteira, a fim de atingir todas as almas que estavam sem auxílio e que ainda vagavam lá fora sem apoio, pois a Luz já havia se retirado novamente e a Terra estava novamente no escuro. O povo que deveria ter estado a postos se encontrava em parte incapaz, pois teria sido sua tarefa levar a Palavra adiante. Então uma nova obra deveria fazer com que a Palavra se tornasse acessível a todos os seres humanos que sentissem anseio por ela. Isso ocorreu entre 1939-1941.

As duas primeiras obras permaneceram inalteradas, pois são a Palavra de Imanuel dirigida a todos os espíritos humanos de pleno valor. São estas duas obras que mostram ao peregrino espiritual na Criação Posterior o caminho para a origem, de modo que ele pode compreender no espírito as palavras que tudo abrangem …

Faça-se Luz!

No princípio era a Palavra e a Palavra estava com Deus e Deus era a Palavra.

Vê, de onde tu caíste!

Pois estas palavras contêm a Verdade inteira, e mais do que isso o espírito não precisa intuir para ascender. Mantende então a imagem diante do vosso olho interno quando vos aprofundardes neste texto. …

Algumas coisas do texto a seguir irão deixar-vos estupefatos. Porém, analisando mais profundamente, ireis perguntar-vos porque não chegastes vós próprios até aí, pois quem conhece a obra completa, a este a resposta deveria se abrir automaticamente, caso o intelecto e o sentimento não se coloquem na frente, formando uma barreira, a fim de formar uma contradição a partir da consequência do reconhecimento. Por isso, assimilai livres de opinião pré-estabelecida o que vos é mostrado aqui.

* * * * *

Mulher e homem” não são o mesmo que “Homem e mulher”

O título aqui escolhido já poderá abrir uma fresta nas portas do pressentimento.

Abdruschin escreve na dissertação “Sexo”:

“O germe espiritual, ao sair do reino espiritual, não tem sexo.”

Isto quer dizer que o espiritual humano que se desprendeu do Espírito-Enteal mais elevado a fim de desenvolver uma consciência numa distância mais afastada, não pode ser classificado nem como masculino nem como feminino. Entretanto, ele porta as duas propriedades em si, sem perder algo.

Quando Abdruschin escreve mais adiante na dissertação “Mulher e homem”

“A parte passiva ou negativa é a parte mais fina, mais sensível e mais delicada, e a parte ativa ou positiva, a mais grosseira, não tão sensível!

Porém, a parte mais sensível, portanto a parte passiva, é a mais forte e que predomina sobre tudo, que na verdade atua dirigindo.”

… então, sob “parte passiva” não significa, como muitos acreditam, a mulher terrena, mas o enteal mais elevado, pois é somente este que capacita esta mulher a ser passiva, portanto, mais sensível. Também sob “ativo” não deve ser compreendido primeiramente o homem, mas o espiritual assim como se desprendeu do enteal mais elevado. Nesta indicação, não se trata da diferenciação entre homem e mulher, mas do modo de atuação diferenciado entre o espiritual (ativo) e o enteal (passivo), sendo que sempre um se desprende do outro. Este significativo processo de desprendimento já se iniciou bem acima da Criação.

A origem está no plano Divino mais elevado e começa com Elisabeth, a forma mais pura do Amor de Deus enteal (Jesus é o Amor de Deus inenteal). Elisabeth tem a sua origem no Divino Inenteal, porém ela mesma é divino-enteal. Ela se desprendeu da Vontade de Deus inenteal Imanuel e com isso se tornou a primeira irradiação divino-enteal – a feminilidade mais pura com autoconsciência própria. Ela constitui não somente a ponte para os anciões no Burgo divino do Graal, mas também para a primeira Vontade de Deus tornada forma na Criação Primordial: Parsival. Por isso, ele a denomina mãe. Somente através dela, como mediadora, Parsival pôde ser nascido como primeiríssima forma corpórea ativa da Vontade de Deus na Criação Primordial. Aqui tocamos pela primeira vez na lei que divide a Vontade e o Amor em sentido descendente, para então atuar de modo engrenado até os planos mais profundos.

A partir deste ponto, a lei da apartação começa a agir através da Criação inteira, somente que nas gradações ela atua de modo transformado e também tem outra denominação. Por isso também existem denominações diferentes para isso, tais como a Vontade e o Amor, o espiritual e o enteal, o ativo e o passivo, o positivo e o negativo, o masculino e o feminino.

Sobre isso lemos na dissertação “Mulher e homem”:

“Com isso, vedes o grande quadro diante de vós, vindo de cima e não é mais difícil de compreender que os desenvolvimentos ulteriores na Criação sempre se repetem naturalmente no mesmo modo e, por fim, também têm que ser transmitidos para as apartações dos espíritos humanos da Criação Posterior como efeito de uma lei uniforme que perpassa a Criação inteira. A diferença é que nas diversas planícies e nos diversos graus de esfriamento isso é designado de maneira diferente.

Assim, na gradação, a mulher humana da Criação Posterior corporifica o enteal mais intuitivo, como parte negativa, passiva, e o homem, o mais grosseiro espiritual, como parte positiva, ativa, pois a apartação, uma vez já iniciada, se repete sempre de novo nas partes apartadas, continuamente, a ponto de se poder dizer que a Criação inteira consiste, propriamente, somente de apartações!”

Aqui fica claro, mais uma vez, que a Criação inteira consiste em apartações.

Porém, em algum momento deve haver um término das apartações, ou seja, lá onde o último resto do espiritual ainda sai como espécie própria do espírito-enteal, pois, depois disso, inicia-se a espécie do puro-enteal. Este término forma o espírito humano terreno. Porém, aqui a transição ainda é bastante fluente, pois mesmo no puro-enteal, ainda existem, de certo modo, vestígios do espiritual, o que pode ser reconhecido na primeira forma. Ninfas, elfos e gnomos etc. não poderiam ter a forma humana se não houvesse ainda pequenos vestígios do espiritual. Porém, aqui o espiritual é tão fraco que não pode mais desenvolver ativamente uma vontade livre, mas vibra apenas ainda de modo passivo na Vontade de Deus, por isso, o espiritual encontra o seu término no ser humano terreno.

De acordo com isso, o espiritual é ativo, porém o germe espiritual, ao se tornar consciente, tem a escolha, se deseja atuar como espírito ativo (positivo) ou passivo (negativo) e é somente isso que determina a forma humana feminina ou masculina.

Entretanto, pela origem, o germe espiritual como sendo espírito-enteal, traz em si as duas faculdades e não deveria deixar atrofiar nenhuma delas, a fim de ascender futuramente ao Paraíso como espírito de pleno valor.

Consideremos um trecho de “A criação do ser humano”:

“Quando se realizou um ato gerador entre o mais nobre par destes animais altamente desenvolvidos, não se encarnou no momento da encarnação, como até então, uma alma animal, mas em seu lugar, a alma humana já preparada para isso e que trazia em si a imortal centelha espiritual. As almas humanas de matéria fina com aptidões desenvolvidas de modo predominantemente positivo se encarnaram, de acordo com sua igual espécie, em corpos animais masculinos, aquelas com aptidões predominantemente femininas, em corpos animais femininos mais próximos de sua espécie.”

Aqui se fala de almas com propriedades predominantemente positivas ou negativas, não de almas com propriedades exclusivamente positivas ou negativas. Disso fica claro, mais uma vez, que o espírito realmente porta em si as duas propriedades e, de acordo com a sua tendência, desenvolve uma ou outra de modo mais ou menos intenso e, de acordo com isso, foi encarnado em um corpo masculino ou em um feminino.

Para compreender melhor este todo, queremos nos ocupar mais uma vez com o processo natural, assim como ele foi descrito na Mensagem Original.

Como último de sua espécie, o espiritual desceu inicialmente de modo neutro. O germe espiritual tem então a livre escolha de atuar positiva ou negativamente. Somente a partir disso forma-se o gênero. O feminino conserva em si uma parte do enteal mais elevado, do qual o espiritual se desprende primeiro. Esta parte enteal tem mais força, pois vibra na Vontade de Deus e isso é uma particularidade do enteal. O feminino, porém, ainda porta em si o espiritual mais grosseiro e, com isso, a faculdade do livre-arbítrio, que é a espécie básica do espiritual. Livre-arbítrio não significa outra coisa do que não estar diretamente sob a pressão da Vontade de Deus, mas permanecer livre dela na decisão.

Isso precisa ser compreendido corretamente.

As ações do enteal estão ligadas incondicionalmente à Vontade de Deus, o que não significa outra coisa do que nunca poder dirigir-se contra as Leis da Criação, mesmo que estes caminhos ainda sejam múltiplos em suas possibilidades. O enteal também pode atuar dentro destas leis e nisso está a diferença. Dentro da Vontade de Deus, o enteal também pode fazer uma escolha, porém nunca contra ela. O espiritual, ao contrário, pode e deve desenvolver um livre-arbítrio, o qual deve colocar espontaneamente dentro da Vontade de Deus. É somente assim que ele poderá tornar-se portador da Vontade de Deus com responsabilidade própria. Por isso, o espírito também tem a possibilidade de se colocar contra as leis da Criação, se este for o seu desejo. Algo que o enteal não pode fazer. O espiritual, porém, encontra-se entre o enteal imediatamente mais baixo e a Vontade de Deus e, com isso, pode atuar sobre o enteal abaixo dele de modo que este precisa se render à influência do ser humano e de seu querer. Isso pode produzir muitos desenvolvimentos falhos, como pode ser constatado em grande parte do mundo animal e nos mestres construtores enteais.

O significado propriamente dito do livre-arbítrio fica claro com isso: ele dá ao espírito a possibilidade de tornar-se portador ativo da Vontade de Deus e, com isso, exercer influência construtiva em toda parte, pois tudo o que se encontra abaixo dele tem que orientar-se por ele. Ele, ao contrário, é conduzido pelo enteal mais elevado que vibra na Vontade de Deus, sendo que, em contrapartida, o enteal imediatamente mais baixo é, por sua vez, executante.

Aqui fica claro mais uma vez o atuar ativo e passivo. Precisamos, portanto, diferenciar entre a autoconsciência do enteal tornada pessoal, que vibra na Vontade de Deus (passiva) e a autoconsciência do espiritual (ativo) que precisa primeiro aprender a fazer isso. Somente a feminilidade humana, como espírito completo, traz ambos em si, de modo que somente para ela é fácil adequar o ativo à Vontade de Deus.

Ativo significa também agir livremente na decisão própria e isso abriga em si uma responsabilidade imensa. Por isso, o conceito “livre” também deve ser intuído corretamente. “Livre” não significa poder agir de acordo com a própria vontade como muitos pensam, mas significa não estar sob a pressão direta da Vontade de Deus, ou seja, estar livre dela, porém com o compromisso de reconhecer a Vontade de Deus, a fim de adequar o agir próprio a esta Vontade. O atual conceito de liberdade e da vontade própria é, por este motivo, uma explicação aceita e oriunda do sentimento e do intelecto, formada outrora por Lúcifer e, na verdade, nada mais é do que arbitrariedade!

É justamente aqui que começa a falha da feminilidade humana. Devido à sua vaidade e aos seus sentimentos, ela colocou o livre-arbítrio de seu espiritual mais grosseiro acima do enteal mais elevado que lhe foi concedido. Ela poderia ter chegado a um reconhecimento a qualquer momento, mas não quis, pois se entregou às tentações de Lúcifer devido aos sentimentos vaidosos. Ela só precisava ter ouvido a parte enteal dentro dela, pois esta sempre vibrou inalteradamente na Vontade de Deus. Por isso, a mulher humana pôde ser mais forte do que o homem, pois o homem tinha que aprender primeiro a reconhecer a Vontade Divina. Ele não possuía um dom mais elevado, pois a sua parte enteal, que ele como espírito ainda traz consigo, é a parte seguinte mais baixa na Criação. Portanto, o espírito humano é sempre espírito-enteal e, por isso, traz consigo as duas faculdades, as quais ele também deve cultivar. A feminilidade com a parte enteal mais elevada e a masculinidade com a parte enteal próxima mais baixa.

Por isso, é de grande importância para o espiritual humano que ele precisa das duas faculdades equilibradas entre si, para que, como espécie própria, fechada, possa ascender ao Paraíso após o seu desenvolvimento. Se ele estiver formado apenas de modo unilateral, de modo que uma parte está adormecida, isso poderá causar uma separação, caso esta parte não desperte novamente.

Sobre isso, uma citação da dissertação “Sexo” da Mensagem Original:

“Assim, acontece que um espírito humano, em suas vidas terrenas, peregrina, com muita frequência, alternadamente em corpos masculinos e em corpos femininos, de acordo com sua sintonização interior alterada. E isso é necessário, para que todas as faculdades de um germe espiritual adquiram gradativamente o desenvolvimento.

Eu já disse que o que predomina na atividade desejada é decisivo para o surgimento da forma, pois um germe espiritual não atuará incondicionalmente de modo totalmente positivo e também não incondicionalmente de modo totalmente negativo.

As faculdades não ativadas permanecem então adormecidas, mas poderão ser levadas ao despertar a qualquer momento.”

(Este trecho do texto está faltando na Mensagem na versão de 1941.)

Por isso, de tempos em tempos foram necessárias encarnações em que o que basicamente não predominava também chegava uma vez ao atuar. Com isso, deveria ser impedida, por um lado, a separação do próximo passivo ainda existente no masculino, pois esta possibilidade estava dada, e, por outro lado, o feminino também não devia negligenciar o ativo por completo, pois era necessário para o seu desenvolvimento também ativar o livre-arbítrio e não vibrar exclusivamente na Vontade Divina, como o enteal.

O masculino foi, portanto, estimulado com isso a cultivar também o enteal, pelo menos lá, onde este não o fazia por conta própria de modo suficiente. Para a mulher, ao contrário, graças ao dom do enteal mais elevado, era mais fácil adaptar-se à Vontade de Deus, porém, igualmente como o homem, tinha que construir o livre-arbítrio, a fim de colocá-lo de modo consciente na Vontade de Deus. Por isso, também para ela foram necessárias encarnações ativas. Esta necessidade resultou também dos espíritos ainda imaturos, porém, no decorrer do desenvolvimento, isso se tornou cada vez menos necessário. Assim que as duas faculdades estavam formadas, uma delas pôde então predominar nitidamente sem que a outra tivesse que definhar. Portanto, neste sentido, isso nada tem a ver com almas torcidas, pois este processo ocorre em uma base completamente diferente.

O que aqui está apresentado está descrito explicitamente na Mensagem Original.

Agora queremos nos ocupar também da Mensagem na versão de 1941.

Na dissertação “A criação do ser humano”, lemos o seguinte texto, já citado neste escrito. É importante lembrar que este texto, como já mencionado, foi adicionado à dissertação somente entre 1939-1941, ou seja, ele se encontra somente na Mensagem na versão de 1941.

“O ser humano, como tal, estava sozinho e se utilizava, então, no crescimento, principalmente dos sentimentos intuitivos mais severos, mais rudes, para a manutenção de sua vida, com o que os sentimentos intuitivos mais delicados foram cada vez mais empurrados para o lado e isolados, até que se separaram completamente como a parte mais delicada do ser humano espiritual.

Esta segunda parte, a fim de não permanecer ineficaz na matéria grosseira, onde, em primeiro lugar, era absolutamente necessária para o progresso ascendente, foi então encarnada num segundo receptáculo, o qual, conforme sua delicadeza, era do sexo feminino, ao passo que os sentimentos intuitivos mais rudes permaneceram no homem materialmente mais forte. Exatamente de acordo com as leis do mundo de matéria fina, no qual tudo se forma imediatamente, mostrando o que é delicado e fraco, em formas femininas, o que é severo e forte, em masculinas.”

Aqui Abdruschin descreve que o espírito humano se dividiu, pois atuava exclusivamente de modo ativo e que somente a partir disso surgiu a mulher.

Que esta possibilidade realmente estava dada, isso já foi mencionado por Abdruschin e isso também em 1928 na dissertação “Sexo”:

“O que é um sexo? O germe espiritual, ao sair do reino espiritual, não tem sexo. Também não ocorre uma cisão como é admitido muitas vezes. Cisões são exceções especiais, sobre as quais voltarei a falar no final desta consideração. Basicamente, um germe espiritual sempre permanece fechado em si.”

Esta indicação sobre a qual ele pretendia voltar a falar no final desta consideração se encontra realmente na Mensagem original no final da mesma dissertação.

“Porém, se alguma vez acontecer de um germe espiritual desenvolver todas as partes positivas, então isso se processa de modo tão intenso sobre as faculdades negativas não desenvolvidas, que pode ocorrer um impulsionar para fora e, com isso, também uma expulsão, com o que se processa uma cisão. As partes diferentes que foram expulsas ficam então forçadas a despertar por si e, naturalmente, em sua forma oposta fechada em si, assumirão a forma feminina. Estes são então germes divididos que precisam se reencontrar novamente, a fim de formarem um todo. Porém, tal processo não é de se pressupor de modo geral.

Justamente este trecho não encontramos mais na Mensagem na versão de 1941, ele foi retirado. Por quê? Porque não era mais exceção, mas visivelmente a regra. O que não estava fundamentalmente no plano da Criação, isso aconteceu de modo intensificado! Isso fica claro na Mensagem na versão de 1941, na dissertação “A criação do ser humano” com o texto já aqui mencionado, começando com “O ser humano, como tal, se encontrava sozinho …”

Visivelmente Abdruschin tornou-se consciente apenas depois de 1931 de que esta cisão continuada não era uma exceção. Inicialmente, Ele não viu isso como incondicionalmente negativo, mas como continuação do desenvolvimento nas baixadas. Porém, como iremos reconhecer, isso teve que ocasionar abrangentes modificações de muitas preparações da Luz. —

O ser humano e, principalmente a mulher, em sua grande maioria, não era o que Abdruschin teria que ter encontrado. Este fato colocou-o numa situação difícil, pois ele teve que configurar algumas coisas de modo totalmente novo. Entre os anos de 1931-1941, foi constatado que este estado estava bem mais propagado e que continuava aumentando. Havia, visivelmente, dois desenvolvimentos diferenciados, dos quais a mulher terrena surgiu.

Para isso havia dois motivos: em primeiro lugar, o predomínio do intelecto − este provocou não somente a continuação da cisão, mas também um desprendimento lento do enteal mais elevado do espírito humano de atuação passiva. A queda mais profunda da Terra daí resultante forçou, por sua vez, um desenvolvimento mundial não previsível. Como consequência do pecado hereditário, desenvolveu-se um ser humano que, em sua gradação, se encontrava ainda abaixo do último resto do espiritual. É como acontece com o próprio pecado hereditário. Em algum momento, não foi mais possível segurar o processo, pois, embora indesejado, este passou a se tornar regularidade da Lei devido à queda da Terra. A Luz não podia intervir aqui e, inicialmente, teve que deixar curso livre às coisas, porém com a possibilidade de uma correção. Esta foi dada com a Mensagem na versão de 1941, como única chance para que a humanidade pudesse chegar novamente ao equilíbrio espiritual, enquanto o Juízo se processava gradativamente e o tempo dos mil anos está transcorrendo!

Assim, a mulher da Criação Posterior, que se originou da continuação da apartação, de certa forma tornou-se uma chance para a continuidade da existência da humanidade praticamente perdida, pois ela ainda se desprendeu como parte enteal passiva ainda casta, levando consigo algo do espiritual e, por isso, vindo de baixo, podia restaurar a ponte destruída para a Vontade de Deus, pois com o desprendimento tornou-se autoconsciente e, devido a isso, por ainda estar sem cargas, podia ansiar para o alto.

Agora fica claro porque Abdruschin, nas Ressonâncias, com a dissertação “Mulher e homem” bem como em “Almas torcidas” e na reescrita da dissertação “Sexo” da Mensagem na versão de 1941, realiza uma separação rigorosa entre alma masculina e alma feminina, tirando do foco as faculdades iguais primeiramente descritas.

A maioria dos espíritos humanos era constituída de espíritos separados, que eram ou puramente ativos ou puramente passivos, portanto, não tinham as mesmas faculdades como o espírito pleno ainda possuía.

Sobre isso lemos na dissertação “Almas torcidas”:

“Assim também o espírito feminino e o espírito masculino constituem cada um apenas uma apartação que procura unir-se à outra, conforme as leis da Criação, portanto, partículas apenas, que mesmo em sua ligação concedem somente uma parte para a verdadeira espécie do espiritual!”

Para estas almas não havia necessidade de encarnar alguma vez também no outro sexo, pelo contrário, isso era até mesmo prejudicial, porém pelo domínio do intelecto, isso também já ocorria. Essas eram então de fato almas torcidas. –

Existem, portanto, duas espécies de mulheres na Terra. Com certa justificativa, podemos designar uma delas como “a mulher da Criação Posterior”, pois ela só se desprendeu do ativo na Criação Posterior como feminilidade delicada. De acordo com isso, o seu caminho ia de baixo para cima, o que ela podia fazer muito bem pela sua espécie enteal passiva, pois foi literalmente atraída pelo enteal mais elevado.

Na dissertação “A mulher da Criação Posterior”, Abdruschin fez esta referência, porém com previsível sabedoria, de modo oculto, não reconhecível pelo intelecto, mas tocando o espírito.

Citação de “A mulher da Criação Posterior”:

“Aparelhada com a maior delicadeza de intuições, devia sem o mínimo esforço elevar-se à limpidez das alturas luminosas e formar a ponte para a humanidade inteira rumo ao Paraíso. A mulher!”

Aqui Abdruschin escreve que ela ainda precisa se elevar. Ela vem de baixo, o que tinha que resultar forçosamente pela apartação de fino-material-espiritual do ativo. Sua destinação: formar novamente a ponte destruída para toda a humanidade.

Chegamos agora à outra mulher humana e a denominemos de feminilidade humana. Também para isso Abdruschin deu uma indicação.

Citação de “A missão da feminilidade humana”:

“Vinda de cima e mantendo-se em cima com seu delicado sentimento intuitivo e, assim, por sua vez conduzindo para cima, ela é a ancoragem do homem com a Luz, o apoio de que ele precisa para sua atuação na Criação.”

Ela não precisa se elevar, pois vem de cima. Ela não precisa formar a ponte, pois ela é a ponte, pois porta em si uma parte do enteal mais elevado.

Assim deveria ser, porém houve apenas poucas destas mulheres na Terra.

Leiamos novamente na dissertação “A mulher da Criação Posterior”:

“Contudo, somente quando a mulher é realmente feminina ela cumpre a missão que lhe foi estipulada pelo Criador.”

A missão realmente lhe foi atribuída, pois a separação não estava em seu livre-arbítrio, pois este ela só podia desenvolver depois da apartação, ao contrário de feminilidade humana que somente podia se tornar passiva pela vontade própria que estava no livre-arbítrio. Portanto, na feminilidade humana não se tratava de uma missão, mas da vontade própria. Ao contrário, esta missão foi atribuída à mulher da Criação Posterior.

Na dissertação “A missão da feminilidade humana” nós lemos:

“Para isso, porém, não é necessário nenhum matrimônio nem mesmo conhecimento ou encontro pessoal. Unicamente a existência da mulher na Terra já traz o cumprimento.”

Outra citação da mesma dissertação:

“Nem o matrimônio nem a maternidade são vossa meta mais elevada, por mais sagrados que também sejam! Sereis autônomas e firmes, tão logo estiverdes certas no íntimo.”

Que indicação clara Abdruschin deu aqui sobre a espécie da feminilidade humana. Ela é, em si mesma, um espírito de pleno valor, o que é salientado discretamente na dissertação “Sereis autônomas e firmes …”, ao contrário da mulher da Criação Posterior, que somente pode tornar-se de pleno valor na união.

“A mulher necessita apenas querer com sinceridade e todos os descendentes de suas entranhas devem estar fortemente protegidos pela força da Luz já antes do nascimento!”

Aqui (dissertação “A mulher da Criação Posterior”) é dada uma indicação sobre a ligação necessária à família, o que na dissertação sobre a feminilidade humana é considerado até mesmo um perigo. Cada mulher intuirá de qual dissertação ela se sente tocada, caso ainda esteja em condições de intuir.

Embora nestas duas dissertações aqui citadas, que surgiram somente depois de 1931, Abdruschin falasse primeiro à mulher de modo geral, ele deu indicações ocultas ao seu respectivo ser, indicações que só podem ser desvendadas pela intuição. Cada espírito feminino, caso ainda algo de enteal viva nele, irá vibrar mais intensamente em uma das duas dissertações.

As mulheres terrenas mais nobres e mais intuitivas, não importando se como mulher da Criação Posterior ou como feminilidade humana, deveriam se tornar amparo da ligação com a Vontade de Deus na época do Juízo final.

Mas o que resultou das mulheres terrenas nesse meio tempo, depois de agora sete décadas da Mensagem do Graal na Terra?

Olhemos primeiro a feminilidade humana: desta espécie espiritual outrora agraciada resultou uma mulher terrena de atuar ativo, que disputa com o homem pelo seu posto na Terra. Mulher de negócios ela é denominada, ou de política, mas sacerdotisa ela deveria ser! Quem irá se sobressair no ativo no final, isso não precisa ser mencionado, pois mesmo quando a mulher consegue garantir esta posição com o seu intelecto – nesse meio tempo já bastante aguçado – ela irá, por fim, sucumbir espiritualmente justamente nisso. O masculino ainda autêntico pode aguardar calmamente até que seu posto sobre a Terra não seja mais disputado pela mulher.

O fato da maior parte da antiga feminilidade humana ter sido, atualmente, atraída de volta para os planos luminosos é um sinal infalível do Juízo final. Este processo, que já começou sorrateiramente há séculos e que não pôde ser retido entre 1931-1941 nem mesmo pela presença da Luz, aproxima-se de seu auge, o que não é difícil de reconhecer. Quão miseráveis são as mulheres na realidade, as quais apresentam orgulhosamente diante de si, na sociedade, o seu intelecto e sua equiparação profissional ao homem, disso elas se tornarão conscientes em breve com horror diante do que não pode mais ser mudado.

A esta mulher terrena só restou, como inicialmente também ao homem, o enteal passivo mais baixo, que no caso do masculino, se separou devido à atuação ativa muito intensa, fato que não ocorreu na feminilidade humana, pois, como mulher terrena, conseguiu ligar firmemente esta parte em si, apesar do atuar ativo. Com isso, ela se ancorou na entealidade inferior mais próxima, tornando-se mediadora nas baixadas enteais, em vez de sê-lo nos planos espirituais, resultando disso que muitos seres humanos já não reconhecessem valores espirituais em si e se consideram como estando no mesmo nível do animal.

Agora esta mulher, como espírito atuando também de modo ativo, tenta assumir também o papel do homem, sentando-se, por assim dizer, entre duas cadeiras – ou seja, no cumprimento de sua tarefa como mulher e mãe e na assunção de tarefas masculinas ativas. Quantas vezes ouve-se dizer hoje orgulhosamente que somente ela consegue conciliar as duas coisas? O que se encontra por detrás disso fica bem nítido aqui, pois pela origem ela realmente traz em si duas ancoragens: o enteal mais elevado e o espiritual. Só que ela trocou o enteal mais elevado, assumindo também a tarefa do homem … que ironia!

Agora estas mulheres são largadas totalmente ao efeito de seu livre-arbítrio, sem ligação com o enteal mais elevado. Elas não quiseram de outro modo. São mulheres terrenas que quase não se diferenciam mais dos homens, exceto pelas características externas. Nesse sentido, a sociedade atual reflete isso corretamente. Portanto, também aqui são cumpridas as Leis.

Nesse ínterim, porém, a própria parte enteal mais elevada pode continuar, por enquanto, o seu desenvolvimento nas proximidades da Luz. Podemos partir, com certeza, de que somente esta parte recolhida pode ser a base para uma nova feminilidade na Terra. Entretanto, somente podem atuar conjuntamente nisso aquelas mulheres que deixarem para trás o seu trabalho intelectual e o sentimento, retomando a sua tarefa espiritual, o que significa auscultar conscientemente, com o seu livre-arbítrio, a Vontade de Deus e isso sem a mínima parcela de vaidade ou de

condescendência orientada ao sentimento em relação a fraquezas, na crença de com isso ainda ser especialmente boa e nobre.

Somente a mais intensa severidade em relação a si mesma, bondade amparadora para com todos os seres e amor pela Criação pode ser o seu caminho, pois somente então o enteal mais elevado que, nesse meio tempo, continuou a se desenvolver, poderá baixar até ela de forma auxiliadora e se religar, para que ela possa ser novamente mulher no sentido da Criação. Portanto, um espírito completo desde a sua base, que porta em si as duas faculdades, a ativa e a positiva, que, todavia, devido à doação do enteal mais elevado tem a responsabilidade de atuar de modo passivo, para manter na Criação Posterior a Vontade de Deus, ao passo que o homem deve realizá-la de modo positivo. Mas, como parece atualmente, poucas mulheres conseguirão realizar isso. A maioria delas já pode ser considerada perdida. Não importa o quanto foram bem sucedidas na Terra em outras coisas. Somente o conceito “mulher de negócios” é um deboche em relação à feminilidade humana autêntica, no entanto, somente ela como mulher terrena tem o anseio de se infiltrar nestas posições, em substituição à sua entealidade anteriormente mais elevada.

De acordo com isso, a esperança para a humanidade estava e está na mulher da Criação Posterior, para que ela se eleve.

Mas o que aconteceu com ela nesse meio tempo?

Por imiscuir o intelecto também nas questões éticas e pela concomitante padronização dos sexos – pois o intelecto de fato é uniforme e não consegue ver de outro modo – todas as almas se distorcem em uma uniformidade e começam a agir contra a sua espécie porque isso é moderno. Como atualmente não será difícil para cada um perceber, justamente este desenvolvimento avança de modo incrível. Como nova mulher, dotada de delicadeza, ela poderia ter sido a salvação para a humanidade, ela podia retomar a ligação passiva com o enteal mais elevado depois que se desprendeu, porém se perdeu na tão louvada emancipação que visava somente à igualdade terrena, salientando-a, porém deixou de ver totalmente a diferença de atuação e de valor.

Foi o plano perfeito de Lúcifer para retardar o quanto possível a ascensão da Terra depois de ser inevitavelmente algemado. Em grande parte, ele já havia conquistado para si a feminilidade humana. O seu alvo foi então a mulher da Criação Posterior e foi novamente o intelecto que fez o trabalho para Lúcifer com o seu princípio de igualdade dos sexos. A humanidade, sendo incapaz de intuir vivamente, obedeceu-lhe na convicção de que isso finalmente fosse justo em relação à mulher.

O plano de Lúcifer vingou e agora ele pode ficar aguardando sossegadamente pelo restante dos 1.000 anos.

A mulher da Criação Posterior está na iminência de se neutralizar completamente, isto é, ela está se tornando não-feminina. As chamadas conquistas e liberdades bem como as igualdades profissionais da mulher moderna conduzem, na verdade, à dissolução de seu enteal passivo. Por fim, com a consciência apagada, ela será atraída de volta à parte ativa.

Se, pelo contrário, ela conservar o atuar puramente passivo, ela poderá unir-se espontaneamente à parte ativa que combina com ela e, neste caso, cada um permanece pessoal em si mesmo, o que representa um grande ganho para ambos e uma grande felicidade espiritual. Ambos formarão então uma unidade espiritual completa em que a parte passiva tornada pessoal conquistou o necessário contato de irradiações com o enteal mais elevado, com o que também para a parte de atuação preponderantemente ativa é aberto o reconhecimento da Vontade de Deus. Isso significa que este espírito humano agora de pleno valor não depende mais da intermediação da feminilidade humana de outrora. —

Em decorrência disso, também deverá haver duas espécies de homens terrenos, pois, depois que a parte passiva se desprendeu, a parte puramente ativa teve que permanecer como homem, e assim também é.

Este é um moço rude que necessita urgentemente da influência da mulher, ela deverá domá-lo, o que pela sua espécie lhe foi literalmente colocado no colo. Justamente o espírito puramente ativo cultivará modos de comportamento polidos na presença da mulher, caso ele não tenha soterrado em si totalmente o anseio pela Vontade de Deus.

Porém, também encontramos na Terra o homem que conservou a sua parte enteal ou, nesse meio tempo, já foi novamente reunido com a mesma. Ele sempre será de postura nobre. Batalhador, mas não agressivo, pois ele consegue dominar-se muito bem. Seu ser se apresenta como espiritualmente cultivado, de cavalheirismo heroico, combinado com nobreza.

Assim como a feminilidade humana verdadeira é uma imagem muito rara na Terra e vista com timidez, assim também acontece com o homem de hombridade autêntica. –

O problema foi que, nos bilhões de seres humanos, Abdruschin não conseguiu ver quantos pertenciam à espécie espiritual completa e quantos germes apartados havia na Terra. Ele teve que reconhecer que a exceção propriamente dita estava presente na maior parte! Na Mensagem de 1931 ele ainda descreveu o normal. Nas Ressonâncias, ele já complementou isso com os germes espirituais apartados. Por fim, ele se decidiu, na versão de 1941 a se dirigir somente aos apartados. Nisso não é difícil reconhecer para quem ele redigiu basicamente a Mensagem na versão de 1941.

Nota: Sob Mensagem na versão de 1941 não se entende a forma atualmente disponível no comércio, da qual foram retiradas as 22 dissertações do atual livro Exortações. Estas precisam ser colocadas novamente no início, assim como foi determinado por Abdruschin. Especialmente nestas 22 dissertações, vibra de modo reforçado a Vontade de Deus que desperta o espírito, para então compreender a Mensagem corretamente, ou seja, não com o sentimento e o intelecto, pois estes dificultam muito o caminho, embora ele ainda seja possível. Colocar esta faísca que inflama no final foi ideia do intelecto. Com isso estava justificado o beco sem saída e a formação de seita. Simultaneamente, a reunificação dos espíritos apartados foi sensivelmente perturbada, pois estes precisam, de fato, da obra completa, caso, ao reconhecerem a Verdade, estejam tão avançados para ansiar por uma ligação na intuição. Porém, isso passa inconscientemente ao lado do intelecto. Este nem percebe nada disso.

Isso se mostra num anseio que se efetiva numa inquietação interior para procurar mais, além da Mensagem. Infelizmente hoje, os leitores da Mensagem, para os quais isso acontece, são considerados erroneamente como espíritos imaturos pelas associações do Graal, dizendo-se a eles que o seu anseio estaria baseado no fato de que ainda não teriam procurado de modo suficientemente profundo na Mensagem. E isso também está correto, entretanto, isso vale somente para determinada espécie de perguntas, fato que, porém, logo é reconhecível. Mas, quando se trata de buscar mais com base no que aqui está descrito, também isso não é difícil de ser reconhecível.

Todos os que tiverem a maturidade em si para se desenvolver novamente para um espírito de pleno valor, caso já não o sejam, encontrarão a Mensagem Original de modo surpreendente ou ficam sabendo dela. Isto é Lei!

Se, então, se desviarem dela por receio ou devido a uma obediência à autoridade, então eles mesmos são culpados, pois justamente com isso perdem novamente a maturidade necessária até que, eventualmente, ela se aproxime novamente deles.

Com a exclusão das 22 dissertações, que devido a isso foram isoladas no atual livro Exortações, foi construído um beco sem saída justamente para estes. O intelecto ousou até mesmo colocar o seu carimbo em cima disso! Para a primeira dissertação, que originalmente se denominava de “A Palavra Sagrada” e que foi transformada por Abdruschin em “Reconhecer”, ele [o intelecto] deu uma denominação marcada por Lúcifer. De “Reconhecer”, este formou o “Reconhecimento”. Ele nem se deu ao trabalho de ocultar isso, mas apareceu com isso abertamente, pois a queda da humanidade começou com o provar da árvore do (re)conhecimento! Que escárnio contra a Luz se encontra nesta palavra “(re)conhecimento”, isso cada um deve perceber imediatamente assim que conhecer a dissertação original, principalmente quando é considerada em associação ao título inicial “A Palavra Sagrada”

Mas não, em sua crença de servir à Luz, o ser humano cai cegamente nas armadilhas de Lúcifer. Que o intelecto deixou suas marcas na Mensagem, isso poucos percebem, pois a maioria entende ou quer sentir o significado da palavra “(re)conhecimento” com o intelecto. Em muito ser humano talvez surja um pressentir momentâneo, mas ele logo se “recompõe” na crença de que assim deve ser exato. Comparai uma vez as palavras “reconhecer” e “reconhecimento” e vereis o quanto ainda estais impregnados do intelecto. Que o reconhecer vibra na intuição, poucos ainda têm condições de sentir. Mesmo que se trate apenas de uma palavra, trata-se da introdução à Palavra Sagrada e isso nunca poderá ser um reconhecimento, tendo que ser vivenciado e, com isso, tornado saber.

O intelecto pode coletar conhecimentos, o que ele também deve fazer e isso é bom para ele, o espírito, porém, deve reconhecer. É por isso que somente o intelecto podia escolher o conceito “Reconhecimento” como título para a obra luminosa, pois com isso, inconscientemente, para o leitor, o ponto forte foi colocado num entender com o intelecto, não num compreender com a intuição, sendo ele desviado disso. E Lúcifer ri maldosamente, pois até mesmo estando algemado, ele conseguiu apresentar a prova de quão pouco o ser humano está apto a agir com a intuição. Quando o ser humano irá compreender que ele nunca poderá servir à Luz com o intelecto na forma atual, assim que ele encarrega este das decisões, mas que com isso ele sempre está a serviço das trevas? —

Retornemos ao homem e à mulher na Terra.

Na gradação da Criação, as partes espirituais apartadas se encontram um pouco mais abaixo. Isso resulta simplesmente da Lei. Por isso, estas partes nunca poderão alcançar a pátria espiritual como partes espirituais individuais, pois somente em conjunto formam um espírito de pleno valor e somente os espíritos completos, acabados podem ascender ao Paraíso. Da mesma forma como o espiritual nunca poderá entrar no Espírito-Primordial. Não é porque são mais escuros, não, é até mesmo o inverso, é somente porque são de outra espécie. —

A Terra está circundada pela Luz. Há setenta anos, a pressão da Luz ainda branda cuida para que estas partes espirituais se reencontrem antes que ocorra a resolução final, pois elas devem ser de pleno valor quando também elas serão julgadas.

A Palavra, na forma até agora dada, não podiam compreender, já que são constituídas de outro modo. Elas se encontram um degrau mais abaixo, por assim dizer, entre os enteais, tais como as ninfas e elfos etc., que também têm a forma humana, e o término do espiritual. Por isso, estas duas partes espirituais precisam unir-se novamente, formando uma unidade.

Naturalmente tudo isso é difícil para o intelecto compreender, pois, tanto no corpo feminino como no corpo masculino, ele existe como uma unidade própria por si. Ele sempre irá considerar este processo como perda da própria existência. O intelecto, porém, nada tem a ver com a reunião, ele nem mesmo existe durante o acontecimento, pois este não se processa no plano terreno físico.

As trevas, porém, irão tentar, através das encarnações, influenciar a próxima formação do ser humano através do intelecto. Elas também poderão ter sucesso nisso por meio de imagens sentimentalmente manipuladas, se as respectivas almas o permitirem, portanto, se, neste caso, elas agirem atraindo.

Quantas coisas irritantes poderão resultar disso nas encarnações e, nesse meio tempo, de fato existem, isso deve ser mencionado aqui brevemente.

Quantos espíritos humanos novamente ligados, na crença de reconhecer nisso a sua humanidade e seus valores internos, atraem a si os sentimentos da vida terrena anterior, de modo que caem totalmente sob esta influência. No lugar de olhar espiritualmente bem para frente e procurar na intuição o que é conjunto ou complementar, vivem no passado anímico próprio, produzindo uma irritação da vida anímica.

Se então o passivo predominar, este ser humano nascido masculino terá fortes tendências femininas que podem ir desde instintos maternais até desejos sexuais. Possivelmente pode até ocorrer que o espírito novamente ativo, concluído, seja nascido como mulher. Aqui a reivindicação da mulher de se imiscuir no campo de atuação do homem, e a aceitação disso pelo homem, interferiu no fino-material, irradiando novamente de volta para o grosso-material. Isso acontece assim que o espírito, apesar da religação, ainda permanece muito indolente. Geralmente justamente estes seres humanos se caracterizam por um intelecto aguçado, mas também por fortes manifestações sentimentais, resultando naturalmente na conclusão falsa de ver aqui o futuro da humanidade num pareamento entre inteligência e emoções humanas. Estas almas, porém, irão cair no redemoinho dos sentimentos e só pode-se ter a esperança de que elas se desesperem com isso para então ainda despertar como a Fênix das cinzas.

Mas também muitas mulheres atualmente sentem atração por outras. Aqui o motivo é outro. Geralmente se trata de espíritos de atuação passiva que não vibram mais na Vontade de Deus. Elas sentem que somente no outro feminino poderão encontrar o que elas mesmas perderam. Do ativo, pelo contrário, elas não necessitam, pois com o livre-arbítrio elas mesmas se tornaram ativas. O seu problema é que, a partir da lógica da coisa, somente podem encontrar aquelas mulheres que perderam o passivo mais elevado ou que se encontram somente no enteal inferior mais próximo, pois somente estas procuram o mesmo que a respectiva outra mulher. Portanto, isso em nada as ajuda, é apenas uma aparência à qual se entregam também em seus sentimentos. Uma mulher realmente autêntica, não importando a origem, nunca sentirá anseio por outra mulher, exceto na amizade verdadeira, procurando sempre a complementação ou a ligação no atuar ativo.

Atualmente, a Terra é habitada por figuras distorcidas, tanto no caso das mulheres como dos homens, pois não predomina nem um nem o outro[2]. É terrível o que se formou aí nesse meio tempo. Todo o movimento envolvendo gênero está estreitamente ligado a isso, na Criação não existe diferença entre o sexo social e o biológico, de fato apenas um sexo biológico.

Mas aqui uma coisa precisa ser claramente denominada: do ponto de vista espiritual, ninguém deveria recusar o próprio sexo ou desenvolver uma tendência ao mesmo sexo, pois isso nunca conduz para frente no desenvolvimento. O espírito humano deve cuidar de modo natural do corpo que recebeu, não ansiando por outro, pois esta situação tem sempre um caráter educativo, que visa conduzir ao amadurecimento, mesmo se ele não se sentir bem neste corpo.

Atualmente existem muitos motivos para estas crises de identidade totalmente desvairadas de mulheres e homens, que aparecem cada vez mais na Terra. Existem milhares de possibilidades de combinação, mas nenhuma delas serve de impulso ao espiritual quando não cumpre a premissa natural de homem e de mulher. O culpado é o intelecto e o exaurir dos sentimentos que, equivocadamente, são vistos como humanos. Isso está se imprimindo tão fortemente sobre a matéria fina que já atua de lá de volta para a materialidade e começa a se tornar irreversível no cumprimento das Leis, como também ocorre com o pecado hereditário! Não preciso mencionar para onde isso tem que levar.

Seres humanos com tais tendências fariam bem em não ceder ao seu anseio ou, no caso de dúvida, exercitar uma vida de abstinência. O seu lucro espiritual seria maior em todos os casos. Tal anseio é prova suficiente de que algo ficou para trás no desenvolvimento. Exaurir isso conduz inevitavelmente à queda ainda maior. Para esta encarnação, somente o autodomínio e a reclusão poderá ajudar esta alma a encontrar novamente o seu equilíbrio, mas nunca uma insistência na aparente individualidade. Apesar disso, este ser humano ainda poderá produzir muitas coisas boas e sair fortalecido desta vida. Mas, infelizmente, a aceitação político-social atual nestes assuntos conduz para a continuidade da queda sob o selo da liberdade pessoal, sendo que, falando exatamente, se trata de um acorrentamento espiritual ao terreno que, o mais tardar quando Lúcifer for solto, levará à destruição. Pois Lúcifer não deixará de, pessoalmente, por puro prazer, empurrar para a destruição estes espíritos que se encontram em sua armadilha.

Voltemos ao tema mulher e homem.

Germes divididos necessitam de um parceiro anímico para se tornar novamente de pleno valor. São estimulados pela Lei do desejo de ligação. Isso eles também intuem corretamente. Muitas vezes encontram a sua felicidade no seio da família, situação que para estes também é útil, para se unirem em algum momento também no fino-material e depois no espiritual. Ambas as partes conservam a sua personalidade espiritual íntegra. De qualquer forma, a humano-terrena, que se fundamenta no intelecto e no sentimento, fica retida ou se dissolve. Entretanto, também aqui a meta principal não deve ser a família, mas a pátria espiritual – a família deve ser apenas uma estação que leva ao caminho para lá.

A promessa “contigo para cima, em direção à Luz” recebe com isso outro significado do que em parcerias de espíritos já concluídos. Estes são estimulados pela atração da igual espécie. Destas ligações parte uma força bem maior e, com isso, também responsabilidade perante a Criação. Elas não deveriam se dissolver no atuar conjunto, mas cada uma das partes permanecer fechada em si mesma. Somente uma complementação totalmente harmônica justifica também uma parceria física. Pois se trata de espíritos já de pleno valor que não necessitam incondicionalmente de um parceiro físico, a não ser que, no cumprimento de sua tarefa, tenham que formar a base necessária para uma encarnação ou um desejo por isso. A sua ligação deve ser de natureza predominantemente espiritual, pois um atamento físico muito forte só iria desviar da meta propriamente dita. Também isso eles sentem como sendo certo para si. —

Para mostrar uma diferença visível, gostaria de dar um exemplo prático. Temos dois pares viajando – um dos pares utiliza sempre um veículo em conjunto e, enquanto é geralmente o homem que dirige, ela planeja o trajeto. O homem é responsável pela manutenção do veículo, e a mulher se ocupa das provisões. Eles fazem tudo em conjunto e é dito de modo acertado: “são um coração e uma alma”. No outro par, cada um utiliza um veículo. Mas eles combinam entre si as metas conjuntas. Ajudam um ao outro, dão sugestões, mas cada um é responsável por si mesmo. Durante certo tempo podem seguir o mesmo trajeto mantendo contato visual, mas também podem andar por caminhos diferentes, para se encontrar em uma meta, ficarem juntos por algum tempo ou andar novamente seus caminhos próprios. Agora, cada um pode reconhecer em si o que disso lhe pareceu desejável no primeiro momento.

* * * * *

Para finalizar, é necessário indicar, para vós que recebestes este escrito, que não faz muito sentido cismar sobre isso se sois um espírito apartado ou um espírito pleno. Quem de vós precisar saber disso, reconhecerá isso de qualquer forma, também com base neste escrito, pois justamente nisso a intuição se expressa muito bem. Quem não pressentir isso, também não deverá saber, pois isso não é necessário para todos.

Sobre vosso cotidiano, isso deverá ter pouca influência, a não ser que, com este saber, possais classificar tudo melhor. A meta mais importante de vossa existência deverá ser o tornar a Palavra Viva em vós. Ansiai exclusivamente por isso no aqui e no agora. Quem fizer isso com sinceridade, irá agir sempre de modo correto, pois a intuição não se deixa fechar em muros por muito tempo. Ela terá que irromper ou terá que desaparecer, outra coisa não lhe é possível. Também nisso este escrito deve ser uma ajuda para vós. O que então espera por vós na matéria fina, só pode vos conduzir para cima. –

Agora, um ou outro se perguntará: Para quem posso retransmitir este saber? E para quem será melhor não o receber?

Estes intuem isso de modo bem acertado, não devem ocultá-lo, mas ainda assim, nem todos poderão recebê-lo. Também aqui existe uma indicação infalível. Cada um que, após ler a Mensagem na versão de 1941, em inquietação interior, ainda continua a procurar e pede pela Mensagem do Graal de 1931, mesmo que apenas cuidadosamente no examinar, para o que os Chamados apontam o caminho, está a ponto de amadurecer e também poder receber este escrito. Quem, pelo contrário, quiser reconhecer apenas a Mensagem na versão de 1941, também deve receber somente o saber que esta lhe transmite.

Somente o anseio nítido de continuar a procurar e querer sair do beco sem saída dogmático, construído pelo ser humano, a caminho da Verdade, dá o direito de receber o caminho para fora em trajeto aberto, de onde o espírito pode continuar a sua peregrinação para cima, para a Luz.

Simon, 1º de dezembro de 2017


[1] TN: Lúcifer

[2] Tradução literal aproximada. O sentido é: pois não predomina nem o feminino nem o masculino nestas figuras distorcidas.